Passagens

A prática de cinema de João Salaviza e Renée Nader Messora tem particularidades que a tornam distinta no contexto do cinema contemporâneo. Entre elas, destaca-se o modo como o seu corpo de trabalho é marcado por um atravessamento emocional que se materializa numa procura rara, constante e profusa de formas de transcendência pessoal.

A partir dessa qualidade, transversal, é possível analisar o cnjunto da sua obra, que se estende por mais de uma década. De Arena até A Flor do Buriti, pela ordem inversa ou ignorando qualquer cronologia, podemos chegar aos mesmos lugares sensíveis que se vão desenrolando por diferentes espaços, estados e relações, ao longo de dois percursos individuais que um dia acabariam por se juntar.

Não conseguimos com efeito definir o seu conjunto de filmes pela imagem isolada de um jovem num bairro social de Lisboa, de uma mulher numa torre do Aleixo no Porto de um povo indígena do Brasil. A sua obra perscruta uma multidão, na concepção de Antonio Negri, compondo uma filmografia que, globalmente, supera a unidade cuida de diferenças subjectivas, através de um sentido uno que interliga e caracteriza; um sentido de compromisso com certas condições de estar, sentir e ver, e que gravita em passagem, de filme a filme.

Autor João Salaviza, Renée Nader Messora
Editor Guilherme Blanc
Textos Creuza Prumkwýj Krahô, Guilherme Blanc, Jacques Lemière, Joana Pimenta, Justin Jaeckle, Paz Encina, Philippe Descola
Ensaio Visual Wellington Cançado, Renata Marquez
Coordenação Editorial Beatriz Pinto
Design Gráfico Ana Resende
1ª Ed. 2024
ISBN 978-989-53981-9-5
Pp. 101