Arte e Poder na Era Global
Sistema das artes é a expressão que adoptamos para designar o conjunto de relações entre as práticas criativas e as dimensões económicas e institucionais da sua inserção no âmbito das práticas culturais (em sentido lato) e das práticas sociais em geral. Chamamos práticas criativas ao conjunto das artes consagradas pela tradição da história das artes, sem excluir (mas também sem ignorar as especificidades de) outras actividades criativas que assumiram uma recente tendencial inclusão no — ou candidatura ao — estatuto artístico (é o caso da fotografia, arquitectura ou design, em sentido lato). […]
Olhando para os sistemas das artes de um modo que nos permita descrever, de forma genérica, as suas configurações, neste início do século XXI, detectamos um conjunto de características que julgamos poder tomar como ponto de partida e para as quais escolhemos as designações que a seguir enunciamos. Globalização, em termos de tendência histórica. Segmentação e hierarquização, em termos de estruturas de produção.
Pluralismo e relativismo, em termos de discursos de legitimação.
Experimentação, eclecticismo e transdisciplinaridade, em termos de processos de trabalho.
Mediação generalizada, em termos de modo de inserção social.
Explicaremos o que entendemos por cada uma destas noções, dando também, de modo não exaustivo, alguns exemplos da forma como se manifestam em diferentes áreas da produção artística, designadamente, cinema, música, artes do espectáculo, artes plásticas ou literatura. [Alexandre Melo]